O destino do vinhoto tem sido um dos problemas a serem resolvidos pelos produtores de cana, pois é poluente e corrosivo. Contudo descobriu-se que
o vinhoto é rico em potássio, água e matéria orgânica. Tais materiais são importantes para o desenvolvimento de vegetais, particularmente a cana-de-açúcar.
Sendo assim, o vinhoto pode ser devolvido ao solo dos campos de cana, aumentando a quantidade de sais de potássio e matéria orgânica. Ela é
espalhada na plantação com a ajuda de bombas.
Porém, em regiões nas quais as águas subterrâneas estão muito próximas do solo, menos vinhoto deve ser aplicado, evitando a contaminação das águas subterrâneas.
O vinhoto ainda pode ser usado na:
– alimentação de animais como suínos e bovinos, sendo misturado na ração.
– produção de tijolos (mistura de vinhoto ao solo arenoso ou argiloso).
Essas formas de aproveitamento de vinhoto reduzem os custos da produção da cana, além de diminuir os problemas ambientais.
Sabe-se que a produção de açúcar e álcool, em 1996, foi de 142 bilhões e 500 milhões de toneladas de bagaço (ver gráfico 3). Até algum tempo atrás, todo esse resíduo não era utilizado e ficava acumulado nas propriedades. A capacidade dos organismos decompositores de transformar o bagaço em adubo para o solo é menor do que a capacidade de geração de mais bagaço.
Quando há espaço suficiente, uma solução para reduzir o empobrecimento do solo e o acúmulo de bagaço poderia ser abandonar as terras “cansadas” e abrir novas áreas de cultivo. Mas será que é possível aproveitar o bagaço de outra forma, que não seja como adubo?
A geração de energia é uma preocupação constante de diversos países. A energia elétrica, por exemplo, é imprescindível para o funcionamento de indústrias e o conforto das casas. Gerar energia é importante para que um
país possa se manter competitivo na economia internacional. A geração de energia elétrica no Brasil está baseada principalmente nas usinas
hidrelétricas, mas outras alternativas são viáveis economicamente e podem aumentar a disponibilidade desse recurso.
Vimos que um problema do processamento da cana é a produção de uma quantidade muito grande de bagaço, que não era aproveitado. Para cada tonelada de cana produz-se 250 quilos de bagaço. Atualmente, a queima do bagaço é usada para aquecer a água das caldeiras usadas nas usinas, produzindo vapor que move os geradores de eletricidade. Essa alternativa é muito interessante, uma vez que o bagaço queimado pode gerar energia elétrica para abastecer a própria usina, ao mesmo tempo em que forma um
excedente de eletricidade que pode ser vendido.
Em momentos de falta de energia elétrica causada por baixos níveis de água nas cabeceiras dos rios, o uso do bagaço pode ser uma alternativa para
aumentarmos a produção de energia elétrica e não ficarmos tão dependentes das usinas hidrelétricas. O desenvolvimento de tecnologia que aproveite o máximo da energia presente no bagaço é um dos passos que deve ser dado para otimizar o seu uso.
A colheita da cana feita com a queima do canavial aumenta os níveis de gás carbônico e fuligem, poluindo o ar, causando problemas ambientais e para a saúde humana. Atualmente, há um grande esforço para a produção
de tecnologia que utilize as folhas secas e os topos da planta para gerar energia. A mecanização da colheita elimina a necessidade da queimada. Além disso, as folhas e topos das plantas podem ser misturados com o bagaço para a geração de energia.
Mas a maior poluição do ar é causada pela queima de combustíveis dos automóveis, como o óleo diesel, a gasolina e o álcool. A queima desses
combustíveis lança poluentes no ar: monóxido de carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e aldeídos, que são substâncias tóxicas tanto para os humanos como para outros seres vivos.
O álcool anidro (isento de água), usado nos dias de hoje, corresponde a, aproximadamente, 25% da composição da gasolina utilizada no país. Isso
representa uma menor poluição atmosférica e menor gasto com importação de petróleo, uma vez que o Brasil ainda não produz todo o petróleo que consome. A mistura de álcool e gasolina possibilita o uso de catalisadores nos escapamentos dos automóveis. Isso porque a gasolina pura tem um teor muito elevado de derivados de enxofre, o que contaminaria rapidamente os catalisadores, necessitando de trocas periódicas. A mistura diminui a quantidade de gasolina utilizada e, conseqüentemente, a quantidade de derivados de enxofre eliminada pelos motores.
O uso da mistura também diminui a emissão de outros gases poluentes quando comparado ao uso da gasolina pura. A liberação de monóxido de
carbono é reduzida em cerca de 10 vezes! As indústrias automobilísticas investem na produção de tecnologia para que sejam produzidos carros que emitam menos poluentes no ar. É a tecnologia a serviço da manutenção de
um ambiente mais saudável!
As usinas de cana-de-açúcar são poluidoras pelos vários motivos apresentados anteriormente, porém tais atividades podem continuar existindo se promovermos o uso de tecnologia preocupada em diminuir o impacto no ambiente.
Vários pontos devem ser repensados. O primeiro refere-se à saúde dos trabalhadores expostos durante a colheita à fuligem, resultante da queimada. Essa fuligem pode ser tóxica, causando irritação nos olhos e problemas respiratórios (como tosses, alergias, dificuldades ao respirar, irritações de garganta). A mecanização da colheita da cana evita a necessidade de queimada, porém não devemos deixar de lado a possibilidade de redução da oferta de empregos, o que ocasionaria problemas sociais graves.
É importante pensarmos que, durante 4 meses por ano, grande parte dos trabalhadores rurais do setor da cana fica sem emprego esperando a
próxima colheita. Em algumas cidades esse problema tomou dimensões alarmantes e foram dadas outras opções de trabalho para que as pessoas não ficassem sem renda. Uma delas foi o incentivo a outras atividades como a implantação de cooperativas de artesanato em madeira e pano, ou ainda a produção de doces e compotas a partir do açúcar obtido nas usinas.
A questão do balanço entre a mecanização e o número e qualidade de novos empregos criados pela indústria do álcool é um item crítico que
merece muita discussão nos próximos anos.
A implantação de uma usina açucareira ocupa um espaço de mata nativa. Para o plantio da cana, parte da vegetação que ali existe é derrubada e
muitos outros seres vivos também morrem.
Porém, em algumas áreas de cultivo, produtores agrícolas reservaram uma parte da mata nativa, preocupando-se em preservar uma amostra da
vegetação que ali existia. Outra iniciativa interessante é a recuperação da mata ciliar – vegetação que fica nas margens dos rios – em áreas de canavial.
Essas ações podem minimizar o efeito de diminuição de biodiversidade local e preservar várias espécies que vivem na região.
É importante considerarmos que o caminho para o desenvolvimento econômico passa pela preservação do ambiente e diminuição da poluição. É importante conhecermos e escolhermos entre as alternativas que minimizem os danos ambientais, sem comprometer as necessidades que temos. Para nos manter bem informados, devemos ler livros, revistas e jornais que tratem do assunto. Desse modo poderemos formar uma opinião, discutir com outras pessoas e nos mobilizarmos em defesa das melhores propostas. Afinal, um ambiente que pode oferecer recursos econômicos e ao mesmo tempo não ser degradado é responsabilidade de todos nós!